A sala é pequena e, às vezes, quente. Olho de novo. Não é tão pequena assim. Eu que pareço ocupar muito espaço com todos os meus pensamentos. O calor vem do sol que bate nos vidros da janela, mas também da figura acolhedora que se posiciona em uma poltrona à frente. Não existe divã, que bom! Tenho essa necessidade estúpida de me manter no controle de tudo. Tirar os pés do chão e ficar de costas nã o me faria mergulhar mais afundo. Meus pensamentos logo viram palavras. Anseio por uma guiada, senão nada do que digo terá sentido ou começo, meio e fim. Percebo minha ansiedade e euforia. Tudo pq tenho a chance de me expressar sem pressa, sem interrupções. Lembro dos diálogos familiares sempre frustrados por ninguém se ouvir de fato. Logo, concluo minha carência. Terá saído desse lugar a vontade de divagar publicamente (para além de meus caderninhos?). Não sei. Minha fala é comumente enfática, mas não ouso querer mudar a opinião do outro. Se vc me conhece, deve estar duvidando di...
Histórias de uma família feita de gente. Gente que se escreve com jota.