"É fácil reclamar do que nos falta, quando não se está disposto a fazer diferença com o que se tem."
Tem certas palavras que mexem comigo. Essas palavras fortes podem vir de diversos lugares... pode ser de uma amiga, da minha mãe, pode ser de um blog, de um livro, palavras de criança, de professor...
O título desse post foi escrito por um professor dos tempos de faculdade. Já falei dele por aqui, lembra?! Esse trecho mexeu comigo. Palavras poderosas. Então resolvi trazê-lo (com os devidos créditos e, se preferirem, o original pode ser encontrado aqui) para compartilhar com vocês! Espero que gostem!!
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Direto do túnel do tempo
Homero Reis - Especial para o Admite-se
"Faça uma lista de grandes amigos,
quem você mais via a dez anos atrás,
Quantos você ainda vê todo dia,
Quantos você já não encontra mais.
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar ..."
Estes versos iniciam uma música de Oswaldo Montenegro, chamada A Lista – recomendo escutá-la. Música de reflexão para estimular conversas. Alguns a acham depressiva, outros melancólica ou apenas poética. Do meu jeito de ver, acho-a uma excelente contribuição à aprendizagem e ao autodesenvolvimento. É música para se pensar a própria história.
Há dez anos, eu estava com quarenta e seis anos, pesava cento e vinte quilos, o diabetes e tudo o mais na saúde estava descontrolado, a capacidade aeróbica era menor do que os cinco primeiros degraus de qualquer escada, a perspectiva de qualidade de vida era sofrível, todos os meus três filhos moravam comigo, a empresa estava deixando de ser minha para ser maior do que eu. Hoje, ao escrever este texto, estou com cinquenta e seis anos: a saúde está em ordem, todas as taxas equilibradas. Peso: oitenta e seis quilos com treze por cento de gordura, corro a meia maratona quase todas as semanas, meus filhos estão todos casados, tenho três netos, a empresa vai muito bem, estou namorando novamente minha esposa e tenho grandes planos para os próximos dez anos. Quanta coisa aconteceu. Amigos mudaram; uns se foram, outros vieram, coisas impensáveis passaram a fazer parte da rotina, perspectivas nunca tidas viraram possibilidades, o mundo ficou menor e menos complicado. Tudo em dez anos. A pergunta é inevitável: o que é que se pode aprender com isso?
Em toda história há algo de ingovernabilidade; coisas sobre as quais não se tem nenhum domínio e sobre as quais não há o que fazer. Tragédias ocorrem em todo lugar e sem aviso prévio. Em 2011, o Japão foi vítima de um tsunami e de um terremoto; no Brasil, em Teresópolis (RJ), ocorre um desastre sem precedentes por causa das chuvas e das quedas de barreiras; milhares de pessoas tiveram suas vidas radicalmente modificadas. Expectativas, esperanças, planos para o futuro, sonhos, relacionamentos e tudo o mais, foram definitivamente colocados sob outra perspectiva. Certamente, as pessoas e os países vítimas dessas e de outras ocorrências semelhantes, jamais serão os mesmos.
A questão se coloca da seguinte forma: não somos imunes às ingovernabilidades, mas o modo como reagimos a elas faz toda a diferença. Existem coisas que não podemos evitar porque elas simplesmente acontecem. Mas podemos encará-las como espaços de aprendizagem e de superação.
Outro aspecto importante da música do Oswaldo é a avaliação que somos levados a fazer sobre nós mesmos. No decurso da vida as coisas vão acontecendo, algumas ingovernáveis, como já vimos; outras, no entanto, estão ligadas diretamente ao nível de consciência que temos de nossos desejos. Será que quero mesmo as coisas que digo querer? Por exemplo: será que quero mesmo passar naquele concurso, perder aqueles quilos a mais, parar de fumar, fazer alguma atividade física, ter uma qualidade de vida melhor, etc.? Quando nos defrontamos com nossos desejos, precisamos também nos confrontar com o custo que é realizá-los. Isto implica em fazer escolhas, nem sempre fáceis, que exigem de nós firmeza, persistência e determinação. Alguns dizem que isso é muito sofrido. Pode ser. Mas esforço sem objetivo é sofrimento masoquista. Esforço com objetivo leva à superação.
É fácil reclamar do que nos falta, quando não se está disposto a fazer diferença com o que se tem. Conheço muita gente que teve (e tem) acesso a tudo o que é necessário para a construção de uma vida cheia de significado, útil e prazerosa. No entanto, não foi capaz de mover-se em direção alguma, e hoje reclama da sorte, ressente-se e resigna-se com uma vida medíocre. Uma vida significativa é fruto de um mover-se efetivo e não dádiva da sorte.
Na década de noventa, escrevi um livro sobre técnicas gerenciais. Produção pequena, quase caseira. Meus alunos da época tiveram acesso a ele e o usamos para as aulas de Teoria da Decisão. Mais recentemente, vinte anos depois, ao fazer uma palestra, um aluno propôs um tema e quis saber minha opinião sobre ele. Discordei com veemência, quando fui surpreendido com uma réplica baseada numa frase do meu livro de então. Houve risos na platéia e a expectativa de um certo desconforto. Ledo engano. Afirmei para aquele aluno que, na data em que o livro fora escrito, eu concordava plenamente com o tema; agora, vinte anos depois, mudei, as circunstâncias mudaram e o tema também. Muitas coisas que eu criei há dez anos, hoje não me fazem o menor sentido; muitas verdades absolutas, então ditas e defendidas como oráculo, hoje revelam a infantilidade e a ingenuidade daqueles tempos. As coisas que cremos hoje são úteis para os nossos dias, mas não podem nos cegar quanto às possibilidades do futuro. Devemos nos manter ancorados na rocha, mas atentos ao compasso dos tempos. Continuo eu mesmo, mas diferente. Só os tolos têm medo das mudanças.
A ingovernabilidade é uma ocorrência que não dominamos; a avaliação é uma habilidade vencedora; força, determinação e persistência, atitudes diferenciais; a mudança, um movimento inevitável; a coragem de se comprometer com o sonho que se deseja é mola mestra que nos impulsiona ao futuro desejável. Não transfira responsabilidade, vença a preguiça, seja focado no seu sonho, peça ajuda, tenha amigos que você admira, mantenha-se perto dos que fazem, compartilhe, participe e comprometa-se. Esta é a lição que tenho aprendido nos últimos dez anos.
Reflitam em paz!
Abraços
Oi, Fabiana,
ResponderExcluireu também fui aluna de Homero Reis! Somente ele para lecionar Filosofia no segundo tempo das sextas-feiras e terminar pontualmente às 22h40... com a turma lotada e encantada!
Beijo!
Marusia
Fabi!
ResponderExcluirProfundo hein?!
Aliás, como teu último post, que eu amei e já assisti duas vezes!
Tô precisando de mudança aqui!
Beijos
Faz a gente pensar, né Dani! Eu ando com minha cabeça a mil por hora..........
ResponderExcluirNão é verdade, menina!!! Eu era fã das aulas dele! Vou a uma palestra dele no próximo dia 16... tô ansiosa! :-)
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