Eu nem sei quantas vezes devo ter feito essa pergunta à minha mãe. Nem sei se a fiz um dia. Lembro de me olhar no espelho e ter uma única certeza... eu era gorda. Aliás, era essa a única forma de me magoar com palavras (e meus irmãos sabiam bem disso, valeu galera!!). Já fiz dietas loucas, já fiquei sem comer para compensar, já chorei litros porque o espelho era mau comigo. Sofri horrores a minha infância inteira por conta da barriga. Minhas amigas sempre eram baixinhas e magrinhas... eu sempre fui grande, larga, forte. Vendo as fotos antigas nem me acho gorda. Cheinha, talvez. Mas o bullying (agora que tem nome bonito não vou deixar de usar) sofrido por anos deixou marcas que me acompanham e ainda me assombram.
Depois que me tornei mãe da Júlia meu maior medo era que ela passasse pelo o que passei.
Com 1 mês e meio de vida Júlia começou a tomar complemento, pois eu não tinha leite (e nem informação) suficiente. Ela rapidamente ganhou peso e desde então sua barriguinha se mostrou saliente. Nada fora do comum, porém. Com o tempo o abdomen estufado foi se tornando motivo de preocupação. Algo não parecia certo. Aos 4 anos fizemos uma investigação, mas nenhuma anomalia física foi encontrada. O médico homeopata sugeriu que a hiperfermentação produzida era fruto de uma deficiência em manganês. Desde então, Juju toma gotas de manganês antes de dormir. Melhorou. Não 100%, mas a barriguinha dela não fica dura mais.
Acontece que esse ano a preocupação dela com o corpo apareceu. Ela é uma menina descolada, por isso às vezes é preciso um olhar sutil para perceber algum incômodo. As falas não demonstravam qualquer problema... apenas uma maior consciência corporal (o que é esperado para a faixa etária dela). "Mãe, eu não estou mais magrinha hoje?"; "Mãe, essa roupa me deixou sem barriga, né?". Até que dia desses ela foi mais direta: "Mãe, você me acha gorda?".
Por um instante fiquei sem palavras. Olhava pra ela e parecia olhar para mim. Perguntei se alguém a chamava de gorda e ela disse que sim, os meninos da escola (arrrghh!! sempre eles!!!). Contei um pouco da minha história, de como sofri com isso também. Falei que é preciso se alimentar bem e não deixar os exercícios de lado. Mostrei que a gente já toma esses cuidados e ela se deu por satisfeita.
Mas depois da nossa conversa... a pulga pulou para minha orelha. Não quero que ela desenvolva transtornos, nem que não goste de si mesma. Fiquei instigada em como acompanhá-la ativamente nesse processo, ajudando-a a fortalecer sua autoestima.
Alguém aí já passou por algo parecido?!
Alguém aí já passou por algo parecido?!
Não sei, Fabi, não sei nada sobre isso, mas adoraria ler.
ResponderExcluirA Ciça já começa a falar nisso também, começa a reparar e a nomear gordos e magros. O que noto é que, quando ela gosta de alguém, chama de "gordinho". Quando é desconhecido, chama de gordo mesmo (mas só comenta, não faz juízo de valor). Não sei se aprendeu isso na escola, se faz parte da idade, da consciência corporal...
Beijos
Oi Fabi,
ResponderExcluirnão sei como nunca retribui a visita aqui no seu blog, mas cá estou eu!
ai guria, não deixa esses meninos falarem isso, vai na profe dela e ensina ela a se defender também...
esporte e alimentação saudável são aliados de quem tem tendência genética a engordar, coloca ela em alguma atividade física!
grande beijo e voltarei
p.s:não durma na casa de parentes...rs vc ficará mais cansada do que sozinha!rs
Angi
O Juan (meu marido) já falou pra ela dizer assim: "Eu sou gorda, mas posso emagrecer... e vc que é feio???" kkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirMas ela é muito boazinha... não falaria isso jamais!!
Acho que vem mais da escola... é cada coisa que vem de lá!! Affffe!
ResponderExcluirMas fico enrolada...
Fabi, eu realmente não sei. Na infancia eu era bem magrinha, mas na adolescencia eu fiquei bem gordinha e depois disso não emagreci mais.. affee! haha
ResponderExcluirSe eu sofri algum tipo de bulling na escola, eu "fiz-me" o favor de deletar da minha mente, mas até hj minha mãezinha (que só quer me ajudar??!!) fala cada coisa! hehe
Mas, ó, tenta não deixar que ela leve isso tão a sério não. Coloca ela num esporte que ela goste ou dança.. que ela naturalmente vai ficar do jeitinho que ela quer!
beijos
É... Ivna... tenho tentado transmitir isso a ela. Além do fato de que somos todos diferentes e não há problema nisso!
ResponderExcluirEla já faz ballet, patinação artística e natação. E eu desde sempre cuido pra que ela coma bem e não exagere em doces. Aliás, doces só aos finais de semana.
É uma coisa de estrutura mesmo... sempre fui parruda como ela... acho que tenho que fazê-la entender isso e se amar assim mesmo. Difícil só o fato de que as amiguinhas dela são TODAS magrelinhas...
Fabi, adorei conhecer vc e sua família. Só faltou a Juju que espero em breve conhecer tmb. Menina vc é linda e magra tá? Carão e corpão de modelo. Eu tenho problemas com peso e isso me traz um desgaste muito grande que tenho superar e trabalhar. Fico super feliz em ver que Alice é magrinha e tenho horror de vê-la sofrendo bullyng por qualquer que seja os motivos.
ResponderExcluirTrabalhe bem a cabecinha da Júlia para que ela se aceite indepente do corpo que ela tenha. Mil beijosssss.
Me achei com os elogios, Tathy!rsrs Mas eu também luto muito com o peso!
ResponderExcluirVamos juntar a turma depois, tá??!!!
Beijos
OI, querida, eu sempre fui cheinha, gordinha, como quiser chamar. Me sentia mal, tinha dificuldade para comprar roupas e vivia eternamente em dietas malucas. Hoje vendo as fotos tampouco acho que era tão gorda assim. É mais o peso da coisa do que o da balança né? Na verdade é o estereótipo brasileiro. Mulher bonita = mulher gostosa.
ResponderExcluirApesar de me sentir mal antigamente, nunca deixei isso me derrubar. Sempre fui popular e tive namorados lindos. rs
Alice pelo visto será magra. Caso contrário tentaremos lidar da melhor maneira. Sempre buscando uma alimentação saudável e uma vida cheia de exercícios. rs Como minha mãe fazia comigo. Acho que não ajudei, hein?
E sim, os meninos, sempre eles.
Eu penso exatamente como você! Tenho essa mesma preocupação, e sofri também na minha infância, o que reflete até hoje.
ResponderExcluirAgora, estou tentando perder peso, com reeducação alimentar, tenho um blog sobre isso e lá tem um pouco da minha história (http://perdendo20.blogspot.com) .
Mas sabe o que eu acho que faltou para mim - e que você pode ajudar na sua filha?- eu não era gorda, eu só era um pouco mais cheinha do que a maioria, mas não era gorda, minha estrutura corporal era diferente, eu não era pequeninha e delicada, eu era mais larga. Faltou alguém me falar isso. Faltou alguém me mostrar que existem pessoas diferentes, corpos diferentes, e que ser mais " encorpada" não é ser gorda!=)
Enfim,
Beijos
http://parabeatriz.blogspot.com
Oi, Fabi,
ResponderExcluirquando meus filhos me reportaram a primeira vez que haviam sido "objeto" de zoação na escola, fiquei pra morrer... É porque eu era uma vítima fácil dessas "brincadeiras" bestas... Hoje o que procuro fazer é: manter a escola informada (ainda bem que essas coisas não se repetiram até então); fazer o possível e o impossível para deixar o diálogo aberto e que eles se sintam à vontade para dizer algo (qdo eu era pequena não queria contar pros meus pais, pq na minha cabeça isso era "coisa de criança", mas hj vejo que não era); reforçar a auto-estima deles; e, por último, uma dica da Thaís, do Aprendiz de Mãe: não imaginar que a vida deles será uma reprodução da minha.
(Mas só a gente sabe como dói, e com filho mais ainda...) Cê tá no caminho certo.
Beijo,
Marusia
Eu queria ter sido descolada com vc... na verdade eu tinha muitos amigos, mas eu sempre me achava inferior e, obviamente, achava que era vista dessa maneira. Sofri muito por conta disso. Um tanto que faz com que eu nem tenha saudades da infância. Não queria isso pra ela...
ResponderExcluirDifícil, né?!
Oi, Kira!
ResponderExcluirConheci seus cantinhos e curti bastante!! :-)
Sabe, minha mãe também me dizia que eu não era gorda... que a minha estrutura era maior e só... pra mim não adiantou muito não. Mas eu já levo esse discurso pra frente!rs
Eu tinha uma autoestima muito baixa... acho que focar nela é a solução!! Pq daí ela vai se amar gorda, magra, vesga, careca... kkkkkkkk
Beijos e volte sempre, viu?!
Má, é difícil demais saber que rola uma zoação, né? Ainda não cheguei a reportar para a escola pq acho que ainda está no nível do normal... inevitável. São crianças...
ResponderExcluirMas vou ficar de olho pra não virar exagero.
Agora, MUITO boa dica a sua (trazida da Thaís)... eu sempre olho pra ela como se ela fosse reviver minha vida... minhas experiências. Sempre tenho esse medo. :-/
Beijos! E bom domingo!!
Fabi, é de cortar o coração. É lamentável que padrões estéticos ilusórios sejam absorvidos pelas crianças e usados como motivo para preconceito e segregação. Espero que, com muita sabedoria, você consiga lidar com isso e fortalecer a auto-estima da Júlia. Acho que você tem de focar na saúde; o importante é ser saudável. E beleza não tem nada a ver com ser esquelética. Mas faz parte, sabe? Algumas crianças nunca terão problemas de peso, mas sofrerão outros tipos de discriminação. Quase todo mundo já passou por isso, mesmo aquelas com personalidade dominante. É um passo pra maturidade.
ResponderExcluirBeijos!
Eu sofri por ser peituda, sofri muito e já escrevi sobre isso tb... sofremos Bullying!
ResponderExcluirQue bom que vc sabe como lidar com isso. Esse padrão de beleza que nos impõe deveria ser crime!
Tb estou de olho no JM, ele é baixinho e não quero que sofra...
Seu post está incrível.
Bjks, Genis ♥
Lia, acho uma pena ela já estar em contato com isso... mas sei que hora ou outra alguma coisa assim aconteceria mesmo. Estou certa (ainda mais depois de escrever sobre e ver os comentários) de que preciso cuidar da autoimagem dela.
ResponderExcluirBeijos
O padrão é mesmo cruel, né?! Até hj me vejo almejando por ele...
ResponderExcluirViva o diferente!! :-)
Beijos
Genis, vc privatizou seu blog?? Tentei te visitar hj e não consegui...
ResponderExcluirBeijos
Fabi, acho que as meninas têm um contato bem mais cedo com essa perceção de gordinho=fora do padrão, né? E dá lhe Barbies magérrimas e personagens que vira me mexe soltam frases como: você está rechonchuda, meu bem!
ResponderExcluirEu também já me peguei reclamando do peso, da barriga, que estou gorda e tals e elas assimilam.
Sei e lamento que o mundo que está recebendo nossas filhas é esse, mas acho que com um pouco de conversa sobre auto estima a gente pode ajuda-las, pelo menos um pouquinho.
Bjo
Pri
Pois é, Pri... depois que postei sobre isso fiquei refletindo sobre o tanto que ela já me viu reclamando de peso, barriga. Com uma mãe que se preocupa, lógico que ela vai se preocupar, né?! Mas precisou dela (com uma Barbie na mão) me perguntar: "Mãe, um corpo assim que vc queria?!" Aí percebi toda a minha responsabilidade no processo. E a resposta foi toda politicamente correta pautada nos argumentos de que poucas (principalmente as brasileiras) tem um corpo daquele e que mais curvas e outras formas podem ser bonitos também. Ela madou um "ah, tá!" e a conversa acabou aí. É aos poucos, né?!
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