Pular para o conteúdo principal

O parto dos gêmeos - Parte 1


Ainda na vibe do aniversário dos gêmeos (que foi há uma semana) e da atualização do blog, resolvi postar o relato do parto dos gêmeos que escrevi quando eles ainda tinham apenas 2 meses de vida fora da barriga. Decidi dividir o texto em partes para a leitura ficar mais leve, visto que caprichei nos detalhes à época! Curioso como as lembranças se perdem e como eu contaria tudo de uma maneira diferente se fosse escrever hoje...


Foto: Ana Paula Batista

Minha história não começa no dia 18/09/2014, nem 3 semanas antes quando comecei a perceber as contrações de treinamento. Minha história começa naquele dezembro de 2004, às vésperas do réveillon, quando completei 40 semanas de gestação e ouvi da médica que meu desejo pelo parto normal era um capricho perigoso. Eu já conhecia o sistema, só não pensei que o terrorismo fosse tão forte. Tive minha primeira filha, Júlia, por meio de uma cesárea completamente desnecessária.


Quase 6 anos depois, em outubro de 2010, tudo parecia estar se repetindo. Mas dessa vez com um gostinho ainda mais amargo, pois estava sendo acompanhada por um médico pelo qual me encantei anos antes, grávida da Júlia, num curso para gestantes. Ele falava muito bem do parto normal e criticava o número de cesáreas realizadas no Brasil, principalmente nos hospitais particulares. Com o dom da oratória, ele ganhou meu coração! Mas às 39 semanas da espera pela Joana... tive mais um parto roubado, mais um sonho destruído. A agenda dele estaria disponível apenas naquele domingo, depois seria difícil me acompanhar.

Queria ser dessas mulheres que tem forças pra lutar contra o sistema e mudar de médico no final da gravidez ou arriscar o plantonista quando o trabalho de parto engrenasse. Mas não sou assim. Sabia que se eu tivesse outro filho teria de buscar a equipe certa para realizar meu sonho. E assim foi quando fiz o exame de sangue que confirmou minha suspeita depois de um enjôo matinal e me descobri grávida novamente!

O primeiro anjo com quem tive contato foi Taíza Nóbrega, a doula (indicação da minha BFF Luíza a quem sou eternamente grata - por essa e por outras). Conversamos um pouco sobre minha história pelo facebook e a sintonia foi imediata! Nessa conversa, ela me explicou a importância de ter um médico obstetra que realmente defendesse o parto normal, natural e humanizado, como eu desejava. Pois no meu caso - 2 cesáreas prévias - era ainda mais difícil não cair nas armadilhas do sistema. Foi quando ela me indicou a Dra. Caren Cupertino, o segundo anjo.

Foto: Ana Paula Batista

Consegui marcar minha consulta para 1 mês depois e com 12 semanas fiz minha primeira ecografia. Surpresa!!!!! "- São dois", disse o médico nada simpático. E depois disso quase fui expulsa da sala de exames porque gritei com o moço do jaleco impecável "- VOCÊ TÁ DE SACANAGEM?!!!!". Enfim, o terceiro filho veio também com o quarto! E eu que estava me achando uma mãe super experiente, escolada... me vi diante de mais uma primeira vez. Depois do susto, senti uma calma estranha. Era a certeza de que se aconteceu comigo é porque eu daria conta. "- Parece que fomos abençoados com uma missão.", dizia pro marido ainda em estado de choque.

Um dia antes da consulta com a Dra. Caren chamei o marido pra assistir ao DVD que eu tinha comprado. O Renascimento do Parto. Ao final do filme, Juan disse "- Acho que vamos ter esses bebês em casa!". Fiquei muito emocionada!! Porque até então ele ainda me questionava o por quê de insistir nessa história de parto normal depois de 2 cesáreas. E foi assim que começamos a planejar nosso parto domiciliar. (continua...)


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Aquelas quatro paredes

A sala é pequena e, às vezes, quente. Olho de novo. Não é tão pequena assim. Eu que pareço ocupar muito espaço com todos os meus pensamentos. O calor vem do sol que bate nos vidros da janela, mas também da figura acolhedora que se posiciona em uma poltrona à frente. Não existe divã, que bom! Tenho essa necessidade estúpida de me manter no controle de tudo. Tirar os pés do chão e ficar de costas nã o me faria mergulhar mais afundo. Meus pensamentos logo viram palavras. Anseio por uma guiada, senão nada do que digo terá sentido ou começo, meio e fim. Percebo minha ansiedade e euforia. Tudo pq tenho a chance de me expressar sem pressa, sem interrupções. Lembro dos diálogos familiares sempre frustrados por ninguém se ouvir de fato. Logo, concluo minha carência. Terá saído desse lugar a vontade de divagar publicamente (para além de meus caderninhos?). Não sei. Minha fala é comumente enfática, mas não ouso querer mudar a opinião do outro. Se vc me conhece, deve estar duvidando di...

Visitas domiciliares a mães puérperas

Dia desses, bati um papo filosófico com a Eliana Rigol (@maternitylivre) e queria vir aqui contar sobre o resultado dessa experiência que até agora está mexendo comigo! Eliana é dessas mulheres diferenciadas que emanam força e despertam muita admiração. Espírito livre lifestyle, acompanho suas reflexões há pouco mais de 1 ano e isso tem sido alimento riquíssimo pra minha alma. Mulher multifacetada, ela  me ensina que desperdício é viver com medo da ação. Eu, particularmente, sempre fui meio cagona. Um caso clássico da Síndrome do Impostor. Facilmente, desdenho das minhas potencialidades e sinto-me uma fraude. Mas tenho me trabalhado para reverter isso, porque a vida é finita e eu quero aproveitar ao máximo minha passagem.  Parte desse meu processo tem envolvido conhecer mulheres que me inspiram. Seja por documentários, livros ou pessoalmente (esses encontros tem sido mágicos). Nós, mulheres, somos incríveis quando nos unimos! O feminino tem uma força-vida potente qu...

Feliz dia das criançaaaaaaaaaaaaaas!!!

Eu #aos2