UMA VISÃO DIFERENTE DAS DOENÇAS MAIS FREQUENTES NA PRIMEIRA INFÂNCIA
Por Laura Gutman
Assim como os adultos precisam da doença para materializar e compreender com maior exatidão seus desequilíbrios, os bebês e as crianças pequenas também funcionam como espelho da desarmonia dos adultos com os quais estão em fusão. O corpo se constitui em uma abertura emocional e espiritual tal que permite manifestar as partes da sombra da mãe que ela esteja disposta a alçar à sua própria consciência.
Diante das doenças, os seres humanos só tem perguntas, e não é meu propósito fazer crer que disponho de uma arsenal de respostas. Ao contrário, minha proposta é gerar cada vez mais perguntas. O corpo da criança é uma grande oportunidade, uma vez que a preocupação com o bem-estar dos filhos pode nos ajudar a ampliar nosso sistema de crenças e a procurar um pouco mais além e, sobretudo, a não considerar definitiva nenhuma resposta, por mais acertada que pareça.
Procurando respostas para as doenças ou manifestações incômodas das crianças pequenas, farei uma abordagem com uma progressão definida:
1. Verificar se as necessidades básicas das crianças estão atendidas (refiro-me ao contato corporal adequado com a mãe ou a figura materna, à fusão emocional, à alimentação adequada, ao olhar voltado à sua especificidade de ser humano pequeno, ao respeito pelos seus ritmos de sono e vigília, ao calor humano, ao nível de felicidade em seu entorno etc.). É muito importante não perder de vista que o básico é prioritário. Não podemos falar de felicidade se há fome, uma vez que, com o afã de encontrar a sombra da mãe na angústia de uma criança, esquecemo-nos de começar pelo mais simples.
2. Busca da sombra da mãe. Isto é usualmente possível com apoio externo, ou seja, com a assistência de uma elaboração terapêutica de qualquer tipo (introspecção, meditação, técnicas corporais, conversas com amigos etc.). Estamos nos referindo à sombra, ou seja, àquilo que não está no alcance da vista. É muita prepotência acreditar que só de pensar estaremos em condições de resolver nossos conflitos presentes ou passados. As mulheres que se transformam em mães a se sentir onipotentes e, portanto, muito espertas. Se fosse tão óbvio assim, não teríamos precisado relegá-los à sombra.
3. Nos casos das crianças maiores de 2 anos, às vezes deparamos com o início da constituição de sua própria sombra. Paralelamente à estruturação do eu separado aparece também seu eu oculto, partes da sombra que se referem à sua própria e individual experiência. Além disso, as crianças com mais de 2 anos manifestam, às vezes, parte da sombra do pai ou de outra pessoa com quem iniciam uma relação afetiva importante.
4. Há outro aspecto da sombra da mãe que é ativado com o nascimento dos filhos e costumo chamar de "a mãe interior que nos habita". Sobre esse tema, também falaremos mais adiante.
Em linhas gerais, podemos afirmar que buscar a saúde da criança pequena equivale a liberá-la da sombra de sua mãe. Para isso, é indispensável que as mães comecem a se questionar com maior humildade, em vez de relatar comodamente as doenças de seus filhos, como se fossem fatos alheios a seu próprio entendimento emocional.
Do livro "A Maternidade e o Encontro com a Própria Sombra", páginas 162-164.
Grifo meu
+++
Dois dias após ler esse trecho do livro (e ficar verdadeiramente incomodada com a reflexão proposta) tenho o diagnóstico. Júlia e Joana estão com catapora. Resultado: pelo menos uma semana de repouso e quarentena. Curiosíssimo não?! Eu que andava me arrastando, eu que estava pedindo quase que diariamente que o relógio parasse, eu que andava triste por ter pouco tempo de qualidade com a Júlia (perceber a carência dela e não conseguir supri-la me corrói por dentro), eu que queria "lamber" mais o meu bebê.
Intrigante...
ResponderExcluirMelhoras a todos!
Catapora em dois é osso!
Beijos!
Ai, Ana... me abraça???!rs
ResponderExcluirTá OSSO! Falou tudo...
Beijos
Uau!
ResponderExcluirIntrigante é a palavra certa...
Catapora é dureza, hein? Que suas filhas se recuperem bem. Força aí. =)
Fabiana, há dias quero passar aqui, pra retribuir o carinho que recebo de ti lá no blog. Obrigada, viu???
Beijos
Nossa, Fabi!
ResponderExcluirQue coisa mais interessante...
Não tinha nunca pensado nisso!
Mas se na gente as doenças são manifestações das necessidades do corpo, mente e alma, imagine nas crianças, né?
A sombra da mãe foi fantástico!
Vou parar melhor para pensar nisso.
Desejo melhoras às meninas e muita paciência a você...
Beijo grande!
Intrigante...
ResponderExcluirMelhoras a todos!
Catapora em dois é osso!
Beijos!