Há tempos tenho tentado escrever sobre esse assunto. É um assunto muito íntimo que tem acompanhado meus pensamentos a todo tempo. Tem sido como uma ferida aberta daquelas que quando começa a cicatrizar a casquinha é arrancada, sabe?
Senta que lá vem história...
Minha filha mais velha, Júlia, sempre foi um fenômeno. Juro, não é porque sou a mãe não. Ela sempre teve um comportamento exemplar, educada e bem articulada. As pessoas sempre a elogiaram muito por isso. E acabavam estendendo os elogios a mim... a mãe. Mas, sério, os créditos eram todos dela. Eu dizia que a elegância dela veio de fábrica. Coisa linda de ver! Nunca tivemos problemas com birras (daquelas de shopping e supermercado) e tudo sempre foi resolvido na base da conversa. Ela ouvia atentamente e aceitava os argumentos.
Engravidei da Joana em Janeiro do ano passado e no início de Março tive um leve sangramento que foi justificado pela presença de um pequeno hematoma logo abaixo do saco gestacional. Acabei ficando 2 meses de repouso absoluto recomendados pelo médico obstetra por conta disso. Nessa época fiquei na casa da minha mãe, pois onde morava precisava subir escadas... o que não era recomendado (e tem coisa melhor que colo de mãe nessas horas?!). Essa - acredito eu - foi a primeira grande mudança na vida da Júlia pós-Joana. Eu me preocupava com os sentimentos dela com a vinda da irmã e nem percebi que tudo já estava mudando ali. Eu não podia dirigir então fiquei 2 meses sem levá-la à escola. Eu não brincava, eu não fazia nada... a não ser assistir desenhos na tv com ela. Hoje, olhando para trás, vejo o tanto que coisas que poderia ter feito de diferente... mas tinham outras questões complicadoras que fizeram dessa gravidez bem difícil, solitária (não vou entrar no mérito destas questões). Depois desse período de repouso nos mudamos para nosso novo apartamento. A barriga começou a aparecer e junto dela comecei a perceber uma Júlia mais agitada, mais agressiva, mais arisca.
Outubro chegou e Joana também! Júlia sempre se mostrou MUITO apaixonada pela irmã. É lindo ver a emoção dela ao falar da Joana. O problema é que esse amor veio acompanhado de uma obsessão. Ela quer ver, pegar, abraçar, carregar, beijar, apertar a irmã... o tempo todo! Por algum tempo me achei uma chata reclamona quando falava sobre isso, mas depois comecei a perceber que outras pessoas (que não convivem com a situação 24x7 como eu) começaram a se incomodar tal qual eu me incomodava. Minha mãe, por exemplo, que sempre foi mais calma e compreensiva que eu (além de ser avó) passou a chamar a atenção dela pelos mesmos comportamentos que eu reprovava. Ok. Estava dito, não era apenas "nóia" minha. Junto disso, pra completar o cenário, minha Felícia tem estado extremamente desobediente. Insiste repetidas vezes no erro e nem conversa, nem castigo, nem grito tem surtido efeito. Parece que nada a atinge.
Bom... e eu?! Eu joguei a toalha. Já chorei rios de frustração, de culpa, de tristeza mesmo. Tenho ciência da carência dela. Sei que ela precisa de mais tempo de qualidade comigo, de mais chamego, de mais calor, de mais colo (aquele colo de mãe que falei lá em cima). Ela tem estado tão deficiente de mãe que ultimamente tem atraído atenção negativa. Outro dia depois de me desrespeitar um sem número de vezes eu mandei: "Júlia, se você não for pro seu quarto agora eu vou te arrastar até lá!" e ela respondeu: "Arrasta, mãe, me arrasta!" (???). Isso me doeu de um tanto que não consigo colocar em palavras. Sinto-me a pior mãe de todas. Acontece que a rotina com o bebê, sem empregada e, muitas vezes, sem o marido faz com que eu simplesmente não dê conta. Não é por falta de amor, nem por falta de querer. Mas o pouco tempo que tenho com elas pela manha e à noite é sempre divido com os afazeres da casa. Já aconteceu de eu passar um tempão fazendo a Joana dormir e quando estava no meio de uma leitura gostosa com a Júlia... a Joana acordou. Eu fui atender a pequena e Júlia esperou. E esperou. E dormiu. Quando voltei... chorei. E choro de lembrar. Porque eu queria ter estado ali ao lado dela quando os seus olhinhos pesaram e se renderam. Tenho medo da distância que minha filha possa tomar de mim. Tenho medo de perdê-la nesse caminho.
O pior é que nem sei se é ciúmes... se são os 6 anos... ou se é tudo isso junto e ao mesmo tempo!
O Anjo Mais Velho*
O Teatro Mágico
Enquanto houver você do outro lado
Aqui do outro eu consigo me orientar
A cena repete a cena se inverte
enchendo a minha alma daquilo que outrora eu deixei de acreditar
tua palavra, tua história
tua verdade fazendo escola
e tua ausência fazendo silêncio em todo lugar
metade de mim
agora é assim
de um lado a poesia o verbo a saudade
do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
e o fim é belo incerto... depende de como você vê
o novo, o credo, a fé que você deposita em você e só
Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você
Só enquanto eu respirar..
Enquanto houver você do outro lado
Aqui do outro eu consigo me orientar
A cena repete a cena se inverte
enchendo a minha alma d'aquilo que outrora eu deixei de acreditar
tua palavra, tua história
tua verdade fazendo escola
e tua ausência fazendo silêncio em todo lugar
metade de mim
agora é assim
de um lado a poesia o verbo a saudade
do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
e o fim é belo incerto... depende de como você vê
o novo, o credo, a fé que você deposita em você e só
Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você
Só enquanto eu respirar..
metade de mim
agora é assim
de um lado a poesia o verbo a saudade
do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
e o fim é belo incerto... depende de como você vê
o novo, o credo, a fé que você deposita em você e só
Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você
Só enquanto eu respirar..
*Ano passado a Júlia dormiu na escola com a turma dela. Foi a "formatura" deles, a despedida do Infantil... De manhã os pais fizeram uma apresentação para os filhos e a música que cantamos foi essa. Linda!! Chorei litros, claro!
O Teatro Mágico
Enquanto houver você do outro lado
Aqui do outro eu consigo me orientar
A cena repete a cena se inverte
enchendo a minha alma daquilo que outrora eu deixei de acreditar
tua palavra, tua história
tua verdade fazendo escola
e tua ausência fazendo silêncio em todo lugar
metade de mim
agora é assim
de um lado a poesia o verbo a saudade
do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
e o fim é belo incerto... depende de como você vê
o novo, o credo, a fé que você deposita em você e só
Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você
Só enquanto eu respirar..
Enquanto houver você do outro lado
Aqui do outro eu consigo me orientar
A cena repete a cena se inverte
enchendo a minha alma d'aquilo que outrora eu deixei de acreditar
tua palavra, tua história
tua verdade fazendo escola
e tua ausência fazendo silêncio em todo lugar
metade de mim
agora é assim
de um lado a poesia o verbo a saudade
do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
e o fim é belo incerto... depende de como você vê
o novo, o credo, a fé que você deposita em você e só
Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você
Só enquanto eu respirar..
metade de mim
agora é assim
de um lado a poesia o verbo a saudade
do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
e o fim é belo incerto... depende de como você vê
o novo, o credo, a fé que você deposita em você e só
Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você
Só enquanto eu respirar..
*Ano passado a Júlia dormiu na escola com a turma dela. Foi a "formatura" deles, a despedida do Infantil... De manhã os pais fizeram uma apresentação para os filhos e a música que cantamos foi essa. Linda!! Chorei litros, claro!
Fabi, tenho passado por isso com a Stella também, que vai completar 6 anos daqui 1 mês.
ResponderExcluirEla sempre foi essa criança anjo, compreensiva, discreta, uma criança meio adulta até.
Qdo a Lia nasceu, ela tinha 2a3m e nunca tivemos problemas com ciumes. Mas faz pelo menos 6 meses que tenho notado grandes mudanças no comportamento dela. Agressiva, arredia, falando coisas que magoam a todos, inclusive à irmã. Tenho conversado com outras mães de crianças da mesma idade que notaram mudanças semelhantes. Já pensei em abordar esse assunto lá no blog, mas ainda é uma coisa que eu estou assimilando e creio que fere um pouco a privacidade da Stella, que muitas fezes faz censura braba (ela edita o que eu posso publicar sobre ela, acredita? Eu acato!)
Chorei na parte que vc contou da hora de dormir. Isso já me aconteceu muitas vezes, sempre seguida de muita culpa. É difícil, né? Mas mãe de duas é isso aí...
A gente se fala mais sobre isso, ok?
Afff, faley!
Beijo
Pri
Fabi
ResponderExcluirChorei lendo seu texto, pq lembrei da minha própria ferida. Meu caçila veio de surpresa, ele deu conta de driblar o DIU que eu usava e qdo engravidei dele a Letícia só tinha 1 ano e 1 mês, eu olhava pra ela e meu coração se enchia de pena e de culpa por ela tão pequenininha já ter suas atenções dividida. Me culpo constantemente até hoje por não conseguir me dividir em duas e tenho sempre essa sensação que ela acaba ficando em 2° plano devido aos cuidados com o nenem que me exige muito. Mas é awuela velha historia: mãe nasce predestinada a culpa mesmo...no fundo tanto a Letícia como a Julia sabem o quanto as amamos. Bjos pra vcs!
Fabi, muito tocante este seu post. Você leu Laura Gutman e você sabe que a doçura da Júlia, que todos elogiavam, tem, sim, muitíssimo a ver com a sua atuação como mãe. Crianças amadas, ouvidas, atendidas, têm muito mais estrutura emocional para se tornarem agradáveis.
ResponderExcluirEstou aqui torcendo para que você possa encontrar o caminho para se dedicar às duas como você gostaria, e que vocês todas fiquem bem.
Beijos!
Lia
P.S.: Você já tentou conversar com a Júlia sobre isso? Contar como você ficou triste no dia em que ela dormiu enquanto você atendia a Joana, como você gostaria muito de estar mais disponível pra ela, como você sente falta de ajuda? Liberte-a da sombra...
Puxa, Fabi... Eu nem sei o que dizer para você... O título do seu post me chamou a atenção e fui correndo ler. Acabei de chorar disfarçando as lágrimas aqui no trabalho! Que texto mais difícil de escrever, mas pior ainda, de sentir. Como mãe, imagino o seu sentimento e acho que sofreria tal e qual no seu lugar. Imagino que tudo isso deve ser muito difícil mesmo! Não sei o que aconselhar, o que dizer, que palavra amiga poderia dar além de compartilhar seu sentimento nesse momento... Não adianta dizer "tente passar mais tempo com ela, fazer mais coisas com ela". Isso você já sabe e sei que tenta, mas a vida atropela! Conheci sua doce Julia e lembro que a chamei de Felícia (sem ser pejorativa, já que achei lindo o jeito dela!). Olha, conte com meu ombro, por mais que seja virtual... Grande beijo e que Deus possa te iluminar nesses momentos, querida!
ResponderExcluirAh, e o título da música me chamou a atenção porque é a trilha sonora do meu romance. ;*
Fabi, tô do seu lado, viu? É difícil demais dar conta de tudo, a gente se culpa, a gente sabe que poderia fazer mais, mas a anergia acaba. Busque ajuda: da sua mãe, de uma psicóloga (a escola da Júlia tem psicóloga), de grupo de apoio. Enfim, é compartilhando que a gente se entende e entende melhor as necessidades de nossos filhos.
ResponderExcluirBeijos
Que texto lindo que você escreveu, conseguiu colocar expressar tudo o que eu tambem estou vivendo com minha filha de 10 anos e meu pequeno de 1 ano. Ai como a gente se sente culpada...mas acredito que o amor pode superar todas essas coisas. Um beijo querida.
ResponderExcluirMeninas, tenho adorado os comentários... me fazem sentir que "falar" sobre o assunto é mesmo uma decisão acertada (pq eu também ficava achando que era certa exposição demais para a Júlia, Pri). Perceber que não é algo que acontece só comigo faz com que eu me sinta menos horrível... e me faz ganhar forçar para driblar a situação. Paloma, buscar apoio tem me ajudado muito mesmo! Lia, AMEI o seu "P.S." pq apesar de ter lido a Laura às vezes fico meio cega e sentindo necessidade de alguém para me mostrar como libertá-la das minhas sombras. Enfim, obrigada a todas pelo carinho e pelo apoio! É difícil passar por isso e foi muito difícil abrir essa dificuldade... mas valeu a pena!
ResponderExcluirBeijos
Fabi,
ResponderExcluirNão te cobra tanto assim. Olha, eu só tenho um, por enquanto, e admiro muitíssimo a força e a energia que uma mãe de dois tem de ter! Eu não sei como daria conta disso, se não dou nem da minha cachorra! É loucura mesmo!
Uma conversa honesta com a Júlia é o melhor que podes fazer. Não tens de ser a supermãe! Mas é bom que ela saiba que tentas e que sofres por não conseguir. Acho que, pra um filho, saber que a intenção do pai é das melhores já é mais que suficiente. Sei por experência própria.
Ai Fabi, chorei junto com você agora... Também já me aconteceu de pedir para Sophia esperar para poder colocar a Helena para dormir e... ela adormecer. Que sensação horrível. De culpa, de impotência, de não estar conseguindo dar todo aquele amor que eu dava a ela antes da irmãzinha nascer. É frustrante! E ela também já demonstrou algumas vezes que prefere atenção negativa do que falta dela. É muito triste.
ResponderExcluirA Sophia agora está na praia com os avós, recebendo uma porção extra de carinho. Espero que sirva para ela relembrar que é muito amada e querida e que a mamãe a está esperando de braços abertos (com ajuda do lado, para que possa ser a minha vez de paparicá-la um pouco mais...).
Beijos e força!
Karen
http://multiplicado-por-dois.blogspot.com/
oi Fabiana!
ResponderExcluirsuper obrigada pelo carinho lá no blog, viu!
e mulher, me emocionei MUITO com esse post, pois tô começando a vivenciar isso agora, né...
e eu sinto falta também dos meus momentos só com o caio... imagine ele!
eu tenho feito ele dormir no meu quarto, enquanto dou mamá pro nuno... por enquanto tem funcionado, mas foi o jeito que encontrei de voltar a contar histórias pra ele na hora de dormir, senão, ia ser só com o pai, já que o nuno pega no sono mesmo depois das 22hs, e o caio tem que dormir antes...
mas vamo que vamo, acho que todo primogênito passa por isso, e toda mãe de dois (3, ou mais) também... o jeito é reforçar o carinho e a atenção com o mais velho!
força aí!
beijo
Fabiana, acabei de conhecer o seu blog e chorei com esse post, me sinto exatamente assim, tenho um Arthur de 4 anos que é um tudo e com o nascimento do irmão Felipe de 2 meses, ta assim meio que sempre tendo que esperar e como eu to sofrendo e me sentindo culpada... Adorei seu blog e suas filhas. Tenho um tb, passa por lá qdo der. Bjs Fabiana
ResponderExcluirAmiga... CHOREI!! Nossa. me emocionei com suas palavras!! Nem tenho um segundo filho (ainda) mas já sinto o tanto que deve ser terrível não poder dar o que eles precisam!! E não por falta de vontade!! Mas tenho certeza que vc saberá passar por essa barreira!! Vc é fenomenal, uma mãezona, sabe sempre lidar com as coisa e sempre acha a melhor solução!! Confie no seu taco, siga em frente e conte sempre comigo!! TE AMO!! E estou morreeeendo de saudades!! Bjocas e fica bem!!
ResponderExcluirChorei junto porque também vivenciei isso! Quis comentar no dia em que vc publicou, mas o texto tomou tal proporção que se transformou não em um... mas uma série de 7 posts: A linguagem secreta da birra: http://maeperfeita.wordpress.com/2011/08/16/a-linguagem-secreta-da-birra/. Você usou a palavra perfeita: ANJO. Sim, o anjo mais velho, que também entende a linguagem secreta da gente. Ela percebe o tanto de amor que você sente!! Tenha certeza disso.
ResponderExcluirUm beijo!
Marusia